sexta-feira, 11 de agosto de 2017

O Quinze - Rachel de Queiroz (1930)

Literatura Brasileira

Livro escolhido para a leitura do blog: Editora Siciliano, 152 páginas.
Edição de 1993

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O Quinze é um daqueles livros que nos aflige ao retratar os problemas que o nordeste brasileiro sofreu e ainda sofre por causa da seca, trazendo para nosso dia-a-dia notícias como essa:

Nordeste enfrenta maior seca em 100 anos
Reservatórios de água da região têm, em média, 16,3% da capacidade de armazenamento; rios e açudes estão secos”

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(Cleide Silva (texto) e Hélvio Romero (fotos), O Estado de S. Paulo - 09 Janeiro 2017 / 05h00)

Seguindo a vida de Conceição, Vicente e Chico Bento, moradores do Ceará, acompanhamos a seca que afligiu o nordeste em 1915.
Conceição é uma mulher independente que mora na capital e tem uma vida um pouco mais confortável, pois estudou, é professora, tem a leitura como parte de sua rotina e saiu cedo da parte rural para tentar a vida na cidade. Ela sempre passa as férias no campo em Logradouro, região do Quixadá, na casa da avó Dona Inácia. O sofrimento é tanto na região que Conceição convence a avó a passar um tempo com ela em Fortaleza. Na capital, Conceição faz parte das pessoas que ajudam no Campo de Concentração, nome do lugar onde os retirantes vivam para receber ajuda do governo.
Seu primo e namoradinho da adolescência, Vicente, preferiu cuidar das criações de sua família do que ir estudar. Passa o dia inteiro tentando fazer com que os animais consigam superar o período em que a água está escassa.
Chico Bento trabalhava em uma casa de campo com sua família cuidando dos animais da patroa, mas, a pedido desta, teve que abrir os portões para libertar os animais, pois a patroa não queria mais gastar dinheiro com uma criação que estava praticamente condenada. Chico Bento e sua família acabam na estrada como retirantes à procura de um lugar melhor.
Cada um desses personagens vão passando pela seca com seus próprios sofrimentos e tristezas, mas nenhum deles sofre mais do que Chico Bento e sua família, além das pessoas que eles encontram na estrada.
O que mais incomoda durante a leitura é saber que tudo isso não é mera história, mas a realidade do nosso país.

“Pois que desaparecera a esperança de inverno e de verde, desejava ao menos riscar um fósforo, pegar fogo à terra, acabando em labaredas ligeiras a obra vagorosa do sol.”

Sobre a autora:

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Rachel de Queiroz tinha 19 anos quando uma doença pulmonar a obrigou a fazer um longo repouso. Foi durante esse período que ela escreveu O Quinze, a lápis, em um caderno escolar e sob a luz de um lampião. Inspirou-se em lembranças infantis da grande seca de 1915.
A autora era grande amiga de escritores como José Lins do Rego e Graciliano Ramos.
Rachel de Queiroz nasceu dia 17 de novembro de 1910, em Fortaleza, e faleceu dia 4 de novembro de 2003, no Rio de Janeiro. Era formada como professora e teve uma carreira como jornalista. Foi a primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras.

O livro é rapidinho de ler.
Me lembrou Morte e Vida Severina, por causa dos retirantes, e também Vidas Secas, que foi o último livro que li que trata do assunto. Muitas cenas tristes e angustiantes como não podia deixar de ser.
Depois que descobri que Rachel de Queiroz tinha somente 19 anos quando escreveu O Quinze, fiquei ainda mais encantada pelo livro.

Nota: 4/5

Laís Bechara

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