Livro escolhido para a leitura do blog: Editora L&PM Pocket, 224 páginas.
Edição de 1999.
Após a morte do seu pai, que era o Conselheiro do Vale, Estácio recebe a notícia impactante de que ele tem uma irmã mais nova da qual nunca tinha ouvido falar, a bela e talentosa Helena. O Conselheiro reconhece por testamento de que a jovem Helena é sua filha e nele exige que ela vá morar com Estácio na fazenda de Andaraí, no estado do Rio de Janeiro, pois ela não tinha mais ninguém além de seu irmão e sua tia Úrsula.
Todos na cidade, inclusive Estácio e sua tia, ficam espantados e curiosos com a novidade e ficam também boquiabertos quando a conhecem. Ela é linda, muitíssimo bem educada, misteriosa e inteligente. Desde já, Estácio aceita a meia-irmã com todo o carinho, mas Úrsula vai se afeiçoando somente aos poucos.
Camargo, um velho amigo do Conselheiro, rejeita e desconfia absolutamente de Helena, pois ele percebe que Estácio começa a se distanciar da ideia de se casar com sua filha Eugênia após ele conhecer a própria irmã. Interessadíssimo na fortuna da família do falecido, Camargo sabe que um herdeiro a mais do Conselheiro do Vale estraga bastante seus planos de que sua filha herde a fortuna, então ele tenta se intrometer nas escolhas de Estácio em relação ao amor, à carreira e à vida. Estácio, um moço educado, culto e simples por criação, quer somente viver em paz, ter uma carreira que não fosse tumultuada como a dos políticos e morar no campo, mas Camargo tenta influenciar ele a ir em outra direção somente para dar uma vida luxuosa para a filha que é fútil e cheia de caprichos.
Helena é uma moça bondosa e cheia de pensamentos ocultos, que fica temerosa com a possibilidade de que descubram a verdade sobre seus sentimentos e seus atos, pois eles podem fazer com que seu destino passe a ser ainda pior do que aquele que ela já está seguindo.
Camargo, que é um homem frio e taciturno que não deixa transparecer suas emoções e pensamentos, beija na testa de sua filha três vezes durante todo o livro, nos fazendo entender que cada um deles é inspirado pelas suas ambições e são, ao mesmo tempo, a indicação dos três momentos trágicos de Estácio após a morte do pai deste.
Este livro é um romance que foi escrito numa época em que a fase romancista machadiana estava no final, algum tempo antes de suas obras serem marcadas principalmente pelo realismo, apesar de que já podemos notar traços realistas em Helena. Esta obra é conhecida como uma das menos maduras e mais ingênuas de Machado de Assis. O lado romântico é que Helena é uma mulher idealizada, aquela que é exemplo de amor, submissão, pureza e inocência religiosa e moral. O amor é impossível e não pode se concretizar. O lado realista é a análise psicológica, emocional e do caráter dos personagens, ao concretizar os pensamentos deles na escrita, que são um dos traços mais fortes de Machado de Assis. Outros traços que são a marca dos livros do autor, apresentados em Helena, são as críticas à sociedade através do adultério, mentira sobre a origem humilde, casamento por conveniência e comportamento exigido das mulheres pela sociedade.
Helena foi o primeiro livro que li de Machado de Assis, achei que ia ser mais difícil de ler por causa da linguagem, mas ficou tudo bem. Li rapidinho. E o livro é curtinho.
Gostei muito, muito de ter lido, eu torci o tempo todo para quase todo os personagens, principalmente Estácio. A Helena é muito fechada, então queria ter conhecido ela mais. Machado de Assis conseguiu se aprofundar bastante em cada personagem que era necessário para entender a história e o psicológico de cada um deles, me fazendo ficar entretida com a obra. Confesso que fiquei frustrada com o final do livro, mas acredito que isso não seja ruim, pelo contrário, acho que a intenção talvez fosse deixar uma marca ali. Mexer com a gente.
Neste livro consegui ver as características tanto romancistas quanto realistas machadianas, então já foi ótimo aprender ainda mais sobre a literatura brasileira. Estou doida para ler outros do mesmo autor.
Nota: 3,5/5
Luiza Côrtes
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