quarta-feira, 16 de novembro de 2016

A Besta Humana - Émile Zola (1890)

Livro escolhido para a leitura do blog: Editora Zahar, 368 páginas.
Edição de 2014.





Com a ideia de representar em uma coleção inteira a sociedade natural durante o Segundo Império Napoleônico na França, Émile Zola lançou um projeto literário de 20 volumes, intitulado “Os Rougon-Macquart: uma história natural e social de uma família sob o 2º Império”, escritos entre 1871 e 1893. Apesar de ser uma coleção, os livros podem ser lidos separadamente. “A Besta Humana” é o 17º livro desta coleção e é um dos livros mais famosos de Émile Zola.
A família Rougon-Macquart é cheia de problemas e histórias ligadas à desgraça. Neste volume, vemos a história do maquinista Jacques Lantier, um dos membros dessa família, passada em 1870.

Séverine é uma mulher bonita de olhos azuis profundos e casada com o subchefe da estação de trem de Le Havre, Roubaud. Para se livrar da grande insistência violenta de seu marido, confessa a ele seus segredos do passado e sofre até mesmo agressões por parte de seu cônjuge, que tem acesso de ciúmes e fúria. Para tentar resolver suas diferenças, o casal decide realizar algo nada muito agradável.
O maquinista Jacques Lantier é atormentado desde sua juventude por uma enorme e angustiante vontade de matar mulheres por quem sente atração, como se ele tivesse dentro de si um monstro aprisionado e cheio de ódio pelas mulheres, sem motivos concretos. Para se esquecer e se ver livre desses sentimentos primitivos, Jacques se refugia na sua adorada Lison, uma luxuosa locomotiva a vapor que faz o trajeto entre Paris e Le Havre. Um dia, visitando a tia, ele sentirá essa vontade louca atormentá-lo mais uma vez e, para se acalmar, ele corre e vai parar perto dos trilhos do trem onde vê um homem cometendo um assassinato.
Jacques e Séverine, que é muito íntima da vítima, se conhecem durante o processo de investigação e se apaixonam. A paixão entre eles é tão profunda que Séverine vai ver em Jacques um confidente e cúmplice e Jacques em Séverine a provável cura para o mal que carrega dentro de si. Mas essas duas pessoas com passados tão complicados poderão ter um final feliz?

Émile Zola é um escritor famoso por seu gênero literário focado no naturalismo, mostrando as fraquezas morais das pessoas e as realidades sociais degradadas. Apesar do título da obra e do monstro que habita no fundo da personalidade de Jacques, o principal personagem, a besta humana se refere não só ao maquinista, mas como também a todos os outros personagens da história.

Nossas opiniões:

Laís - Leia um livro, ou faça parte dele. Com tantos detalhes dados pelo Zola, muitas vezes me senti dentro da estação de trem. No fim do livro, ela tinha virado um ambiente muito familiar para mim. Cheguei a sentir que tudo era bem real; senti cheiro de graxa, enxerguei embaçado por causa da neblina, senti frio. Um livro perturbador não só pela história, mas pelos efeitos colaterais que ele me causou. Os personagens são arrepiantes e insuportáveis ao mesmo tempo, não senti empatia pela maioria deles, exceto por Jacques e Pecqueux, maquinista e foguista da locomotiva Lison. Demorarei à ler alguma outra coisa do autor, mais por estar emocionalmente e até mesmo fisicamente cansada do que por gostar ou não da leitura.
Quando li o primeiro capítulo pensando que não iria achar o livro bom, mas já no segundo capítulo as coisas tomaram outro rumo, fiquei ansiosa e curiosa pra continuar. Os capítulos são bem fechadinhos, mesmo se não estivesse indicado, acho que daria pra perceber onde começa e onde termina cada um, a história não tem ponta solta, é muito bem escrita.
Estou feliz de finalmente ter lido uma obra do autor. Quem sabe um dia não leio “Os Rougon-Macquart” por completo? O próximo que quero pegar é Germinal que também faz parte do projeto. Vale a pena “A Besta Humana”, com certeza!
Nota: 4/5

Luíza - Ao ler a sinopse do livro, fiquei muito curiosa quanto à história e ao projeto de Zola, e então fiquei muito animada a dar início à leitura. Porém, no começo, passei a me desanimar um pouco devido às extensas descrições das estações de trens e por não ter gostado dos personagens apresentados primeiramente, até que cheguei ao segundo capítulo. Li com vontade e ansiedade para saber o que iria acontecer. Descobri nesse livro uma história que dá muita raiva, nem dá pra amar os personagens, mas ao mesmo tempo dá para torcer por alguns, sofrer com eles, sentir por eles, e até começar a visualizar bem as cenas como se estivesse nas histórias também. Comecei a gostar de Jacques e Pecqueux logo de cara, mas também quis dar uns puxões na orelha deles.
O livro é inteiro chocante e arrepiante, cheio de reviravoltas que mal dá para descansar e se preparar pro próximo acontecimento. É muito intenso. Quando acabei o livro, estava de boca aberta, sem fôlego e pensando sem parar: “Uau, que final!”. Não acho que poderia ter outro final melhor para esse livro. Amei. Já estou muito curiosa para ler os outros volumes do projeto e conhecer mais membros dos Rougon-Macquart, mas vou esperar um pouco para ler mais um do Zola, pois quero me recuperar desta obra maravilhosa e acho que os outros do projeto talvez sejam tão intensos quanto “A Besta Humana”.
Estou com vontade de viajar de trem. Super recomendo esta obra!!   
Nota: 4,5/5

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