terça-feira, 30 de agosto de 2016

O Menino do Pijama Listrado - John Boyne (2007)

Livro escolhido para a leitura do blog: Editora Seguinte, 190 páginas





Bruno é um menino alemão de nove anos que não sabe que seu país está na Segunda Guerra Mundial e cometendo atrocidades contra o povo judeu. Ele só sabe que seu pai é um comandante importante do exército nazista, mas não tem ideia do que isso tudo significa.
O menino fica revoltado quando se vê obrigado pelo pai a se mudar junto com a família de uma enorme casa em Berlim para uma casa cercada por uma floresta extensa, no meio do nada, onde não tem amigos para brincar. Um dia, descobre pela janela do seu quarto que a única coisa “perto” de sua nova casa é um lugar cercado muito amplo, com chão de cimento e cheio de pessoas cabisbaixas com pijamas listrados. Mesmo tendo visto o campo cercado, ele simplesmente não entende do que se trata e sua inocência não permite que passe pela sua cabeça que aquele lugar é uma prisão. Curioso e completamente entendiado, Bruno resolve voltar a praticar sua paixão: explorar lugares desconhecidos e fazer descobertas sobre eles, apesar de ser uma atividade proibida pelo pai naquela região.
Andando bastante pela floresta, Bruno se depara com uma grade em seu caminho e vê um pontinho preto ali no meio se aproximando e se tornando maior e maior até que finalmente se transforma num menino de pijama listrado. Ambos os meninos, interessados e boquiabertos com a novidade, começam a conversar.
Bruno e Shmuel se tornam grandes amigos em segredo e começam a se ver todos os dias na cerca, cada um no seu lado da grade. A amizade é tão grande e pura que Bruno toma coragem para descobrir um pouco mais sobre a vida do novo melhor amigo, ignorando mais uma das regras dos pais, a de não conversar com estranhos.
Apesar de Bruno ser um menino inocente e feliz graças à ignorância, às vezes fiquei irritada com seu egoísmo, quando ele agia como se os problemas dele fossem muito piores que os de Shmuel. O egoísmo de Bruno é sem querer e ocorria pela falta de informação sobre a realidade que os pais evitavam falar, mas quando ele caía em si, é um garoto muito generoso e atencioso. Eu fiquei tocada por Shmuel, um garoto muito fofo que, apesar de tudo o que sofre e, por isso, não ser tão ignorante quanto Bruno sobre a realidade, ainda mantém sua natureza inocente e carismática, dando  vontade de abraçá-lo. Alguns personagens da história têm o comportamento semelhante ao de muitas pessoas da época, pois algumas sabiam o que aconteciam e não diziam nada sobre o assunto e achavam normal, outras viviam com medo de falar coisas que não deviam ser ouvidas, e mais outras que oprimiam aqueles que consideravam inferiores. Isso tornou o livro ainda melhor e mais fácil de imaginar as cenas.
Ao invés de ser mais um livro sobre o Holocausto, a história é mais sobre amizade verdadeira e inocência da infância, inteiramente narrada de forma simples, em terceira pessoa e com foco em Bruno. A escrita pode parecer meio infantil, mas imagino que essa seja a intenção do autor para tornar a obra ainda mais tocante. Adorei a capa, que é um pouquinho áspera, me deu a impressão de que o livro está com o pijama sujo de Shmuel e me fez achar a obra ainda mais fofa.
Esse livro foi escrito em poucos dias e isso me impressionou muito, pois achei esta história bem complexa e criativa para ter sido escrita em tão pouco tempo, e como soube disso só dias depois de ter acabado a leitura, devo admitir que o final me decepcionou um pouco por ter ficado meio vago e não tão tocante a ponto de ter vontade de chorar, como tive no filme.
Nota:  3/5 

Luiza Côrtes

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